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Dor de garganta? Uma porta aberta para a diferenciação das Farmácias.

Atualizado: 24 de out. de 2023


Serviço de Despiste de Infeção Bacteriana na Orofaringe Growth HealthCare
Serviço de Despiste de Infeção Bacteriana na Orofaringe Growth HealthCare

"Descentralização da prestação de cuidados de saúde: quer no âmbito da gestão da doença crónica, como na gestão de casos agudos de baixa gravidade, as farmácias podem dar um importante contributo. Fará sentido que um doente com síndrome gripal, passível de ser tratado com um anti-inflamatório/antipirético, que não implique prescrição médica, se dirija a um SU (esperando horas e contribuindo para o seu congestionamento), quando poderia encontrar essa solução na sua Farmácia Comunitária? Esta é uma mudança que pode acontecer amanhã.

Xavier Barreto, Presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH)



Agora que nos aproximamos dos meses mais frios e, até lá, das mudanças bruscas de temperatura, as dores de garganta são, sem dúvida, um dos sintomas que mais pessoas trazem ao balcão da farmácia.[1]


Esta queixa caracteriza-se por uma sensação quase constante de dor, comichão e ardor que, por vezes, piora ao engolir. [2]


Causas da dor de garganta


As dores de garganta devem-se a infeções (provocadas por vírus, bactérias ou fungos) ou a causas não infeciosas, como [3,4]:

  • Exposição a substâncias irritantes (fumo do tabaco, poluição do ar);

  • Exposição a alergénios;

  • Refluxo gastroesofágico;

  • Ressecamento da mucosa;

  • Frio e baixa humidade do ar;

  • Uso excessivo da voz;

  • Tumores da laringe ou orofaringe (raro);

  • Doenças autoimunes.


A infeção por microrganismos é a causa mais comum de dor de garganta. Entre elas as infeções virais são as mais frequentes (~80%), onde se destacam, por exemplo, as infeções causadas pelo vírus da gripe ou da COVID-19. Estas situações têm tendência para a resolução espontânea, necessitando apenas de terapêutica para o alívio sintomático. [5,6]


Embora com menos frequência, as infeções bacterianas (maioritariamente provocadas por Streptococcus do grupo A) também podem provocar dor e inflamação da garganta. Normalmente, estas situações requerem tratamento com antibiótico para prevenir complicações. [6,7]



Mas como pode o Farmacêutico, ao balcão da Farmácia, distinguir entre uma inflamação de origem não infeciosa, bacteriana ou viral?


Esta distinção deve ser feita através da realização de um questionário ao utente (para identificar a presença de outros sintomas e caraterísticas da inflamação) e observação direta da garganta.[6] Assim sendo, destaca-se que:

  • As inflamações de origem não infeciosa costumam ser fáceis de identificar, pois não originam pus, nem costumam estar associadas a outros sintomas como febre, mal-estar geral, perda de apetite, etc. A única exceção é a inflamação por exposição a alergénios que poderá estar associada a outros sintomas alérgicos como espirros, rinite ou conjuntivite[6,7];

  • As inflamações de origem infeciosa, seja viral ou bacteriana, provocam com frequência febre, mal-estar geral, perda de apetite, dor no corpo e outros sintomas sistémicos típicos de uma infeção. Apesar de alguns dos sintomas descritos serem mais comuns em cada tipo de infeção, a grande maioria pode surgir em ambos os casos. [7,8,9]

Distinção de sintomas de acordo com a causa da infeção (viral, bacteriana ou não infeciosa).
Distinção de sintomas de acordo com a causa da infeção (viral, bacteriana ou não infeciosa).

Imagem 1 - Distinção de sintomas de acordo com a causa da infeção (viral, bacteriana ou não infeciosa).



MAS...

O método mais correto para distinguir uma inflamação viral de uma bacteriana é através da análise de uma amostra da zona da garganta infetada (orofaringe), seja para análise de cultura laboratorial (mediante prescrição médica) ou através da realização de testes rápidos para o efeito. Na maioria das vezes, esta testagem não acontece, levando à prescrição imediata de antibióticos em consulta médica.[6]


Esta distinção é, contudo, fundamental, uma vez que o tratamento da dor e inflamação da garganta por infeção microbiana irá variar consoante a causa subjacente (vírus ou bactéria) e, como mencionado anteriormente, a larga maioria dos casos tem origem viral, pelo que a toma de antibiótico nestes casos é totalmente desadequada, contribuindo para o aumento das resistências a esta classe de medicamentos.[10,11]


Papel da Farmácia comunitária no despiste da infeção bacteriana por Streptococcus A na orofaringe


Muitas vezes surgem, na Farmácia, utentes em busca de alívio rápido e eficaz para a dor de garganta[1], chegando até a solicitar a venda de antibióticos sem prescrição médica.


O Farmacêutico comunitário tem nestas situações (à semelhança de outras tantas) um papel fundamental, tanto no que respeita à educação dos utentes para o uso adequado destes medicamentos, como na diferenciação da sua atuação, mediante a recomendação da realização de um teste rápido para despiste de infeção bacteriana na orofaringe. [6,11]


Vários estudos, baseados na prática em farmácia comunitária, demonstraram o sucesso da realização deste teste na redução da prescrição inadequada de antibióticos. Para além disso, a realização destes testes permite ainda:

  • Triagem precoce e fiável;

  • Alívio do SNS e dos locais de cuidados de saúde primários;

  • Aumento da adesão à terapêutica.


Adicionalmente, a recomendação de medidas farmacológicas e não farmacológicas de acordo com o resultado do testes garante um melhor acompanhamento do utente, alívio eficaz de sintomas e fidelização de utentes à Farmácia e aos seus serviços. [11,12,13]


Como?


No caso de o utente apresentar sintomatologia sugestiva de infeção bacteriana (pelo menos um dos sintomas característicos), deverá ser realizado o teste rápido e, mediante o resultado obtido, prestado o devido aconselhamento farmacêutico e, em caso de necessidade, realizado o encaminhamento para consulta médica, de acordo com o seguinte esquema: [6, 7,11,14,15]


Adaptação do Fluxograma de Intervenção em Conformidade do Serviço Despiste de Infeção na Orofaringe Growth HealthCare..
Adaptação do Fluxograma de Intervenção em Conformidade do Serviço Despiste de Infeção na Orofaringe Growth HealthCare..

Imagem 2 - Adaptação do Fluxograma de Intervenção em Conformidade do Serviço Despiste de Infeção na Orofaringe Growth HealthCare..



Vantagens da realização do teste rápido de despiste da infeção por Streptococcus A na orofaringe


Para a Farmácia as vantagens da realização destes testes são múltiplas, nomeadamente:

  1. São testes simples e de rápida execução, que não requerem meios físicos ou humanos para além dos já existentes na Farmácia e na sua e equipa e que permitem obter resultados confiáveis em poucos minutos, garantindo um aconselhamento farmacêutico completo que vai ao encontro das necessidades dos utentes;

  2. Permitem a integração do farmacêutico comunitário nos protocolos de intervenção com os restantes profissionais de saúde, com vista à otimização dos resultados em saúde e contribuição para a eficiência do sistema de saúde;

  3. Permitem a diferenciação das Farmácia enquanto espaços de saúde, cuja oferta pode e deve ir muito além da dispensa de medicamentos;

  4. Garantem a fidelização dos utentes à farmácia não só pelo serviço prestado, mas também pelo aconselhamento, tanto de medidas farmacológicas como não farmacológicas. Adicionalmente, o seguimento do utente ao longo do tempo, após a realização do teste, garante também uma maior probabilidade de retorno deste utente à farmácia;

  5. Representam um aumento de rentabilidade, quer pela venda do serviço farmacêutico ao utente, quer pelo aconselhamento de produtos, estrategicamente selecionados, para alívio sintomático.[11,13,16]


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Referências Bibliográficas


[1] Mantovani, E.; Wasag, D.; Cannings-John, R.; Ahmed, H.: Evans, A. (2022) Characteristics of the sore throat test and treat service in community pharmacies (STREP) in Wales: cross-sectional analysis of 11 304 consultations using anonymized electronic pharmacy records. [Consultar]


[2] Distúrbios do ouvido, nariz e garganta. MSD Manuals. (consultado a 16.10.23) [Consultar]


[3] Dor de garganta: causas, sintomas e tratamento. MSD Manuals. (consultado a 18.10.23) [Consultar]

[4] Dor de garganta: causas e tratamento. DecoProteste. (consultado a 16.10.23) [Consultar]


[5] Worrall G. (2011), Acute sore throat. Can Fam Physician. 2011 Jul;57(7):791-4. [Consultar]


[6] Essack, S.; Bell, J.; Burgoyne, D.; Tongrod, W.; Duerden, M.; Sessa, A.; Altiner, A.; Shephard, A. (2020) Point-of-Care Testing for Pharyngitis in the Pharmacy. Antibiotics (Basel). 2020 Nov; 9(11): 743. [Consultar]


[7] Pelucchi, C.; Grigoryan, L.; Galeone, C.; Esposito, S.; Huovinen, P.; Little, P.; Verheij, T. (2012). ESCMID Guideline for the Management of Acute Sore Throat. Clinical Microbiology and Infection. Clin Microbiol Infect. 2012 Apr:18 Suppl 1:1-28. [Consultar]


[8] Jain, M.; Lodha, R.; Kabra, S. K. (2001). Upper Respiratory Tract Infections. Indian J Pediatr. 2001 Dec;68(12):1135-8. [Consultar]


[9] Lopardo, G.; Calmaggi,A.; Clara, L.; Hara, G. L.; Mykietiuk, A.; Pryluka, D.; Ruvinsky, S.: Vujacich, C.; Yahni, D.; Bogdanowicz, E.; Klein, M.; Furst, M. J. L.; Pensotti, C.; Rial, M. J.; Scapellato, P. (2012). Consenso sobre diagnóstico y tratamiento de infecciones de vías respiratórias altas. J Biophotonics. 2021 Apr;14(4):e202000412. [Consultar]


[10] Spinks, A.; Glasziou, P.P.; Del Mar, C. B. (2021). Antibiotics for treatment of sore throat in children and adults (Review). Cochrane Database Syst Rev. 2021 Dec 9;12(12):CD000023. [Consultar]


[11] Mantzourani, E.; , Cannings-John, R.; Evans, A.; Ahmed, H. (2022) To swab or not to swab? Using point-of-care tests to detect Group A Streptococcus infections as part of a Sore Throat Test and Treat service in community pharmacy. J Antimicrob Chemother ; 77(3): 803-806, 2022 02 23. [Consultar]


[12] Melton, B.L.; Lai, Z. (2017) Review of community pharmacy services: What is being performed, and where are the opportunities for improvement? Integr Pharm Res Pract. 2017; 6: 79–89. [Consultar]


[13] Gubbins, P.O.; Klepser, M.E.; Dering-Anderson, A.M.; Bauer, K.A.; Darin, K.M.; Klepser, S.; Matthias, K.R.; Scarsi, K. Point-of-care testing for infectious diseases: Opportunities, barriers, and considerations in community pharmacy. J Am Pharm Assoc (2003) 2014 Mar-Apr;54(2):163-71. [Consultar]


[14] Stewart, E.H.; Davis, B.; Clemans-Taylor, B.L.; Littenberg, B.; Estrada, C.A.; Centor, R.M. Rapid antigen group A streptococcus test to diagnose pharyngitis: A systematic review and meta-analysis. PLoS One. 2014 Nov 4;9(11):e111727. [Consultar]


[15] Farmácias Portuguesas. (2020). Infeção Aguda da Orofaringe (IAO).


[16] Mantzourani, E.; Evans, A.; Cannings-John, R.; Ahmed, H.; Hood, K.; Reid, N.; Howe, R.; Williams, E.; Way, C. Impact of a pilot NHS-funded sore throat test and treat service in community pharmacies on provision and quality of patient care. BMJ Open Qual. 2020 Feb;9(1):e000833. [Consultar]

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